“Ela teve 30 anos para provar quem ela era como atleta, e neste ano ela conseguiu provar para muita gente quem ela era como pessoa. Foi muito curto, mas foi valioso”
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 30/09/23
Cerca de três meses antes da trágica morte de Walewska, a campeã olímpica se uniu à especialista em relacionamentos e sexualidade terapeuta em EFT Margareth Signorelli e lançou o podcast Olympic Mind.
O projeto buscava falar sobre a importância do cuidado mental dos atletas. Há mais de uma semana sem a presença da amiga e parceira de trabalho, a profissional busca manter a memória da ex-jogadora e diz que fará “tudo para falar sobre a pessoa maravilhosa que era a Walewska”.
Em uma entrevista exclusiva ao R7, Margareth revelou que trocou mensagens com a ex-jogadora duas horas antes de a tragédia acontecer. As duas fariam uma reunião para tratar sobre o projeto e poucos dias antes haviam visitado o CT do Palmeiras, o que a profissional classifica como um “momento mágico juntas”.
“Walewska tem a imagem de ser atleta, rígida, capitã. Mas ela era muito carinhosa. A essência dela era liderar, era ser uma extrema mediadora. Ela estava muito feliz, tinha projetos. Ela estava começando a viver agora”, explica a amiga ao rememorar histórias de Wal.
“Ela teve 30 anos para provar quem ela era como atleta, e neste ano ela conseguiu provar para muita gente quem ela era como pessoa. Foi muito curto, mas foi valioso”, completou Margareth, muito emocionada.
Por ter ingressado no vôlei aos 12 anos e permanecido no esporte até os 42, a ex-jogadora manteve, por boa parte da vida, uma rotina de treinos e jogos. Por isso, segundo Margareth, depois da aposentadoria a atleta passou a conhecer mais pessoas e tinha como projeto dar palestras.
A especialista ainda relembrou detalhes da boa relação que viveu com Walewska nos últimos meses. Margareth contou que a ex-atleta não era uma pessoa extrovertida, mas era muito segura de suas falas e que elas se divertiam, apesar das personalidades diferentes.
“Ela era resguardada, observadora. Ela abria a boca para falar coisas que ela sabia, acreditava, tinha experiência e queria lutar por. Era assim que ela abria a boca dela, se não, ela não falava mal de ninguém.”
O podcast da dupla, Olympic Mind, não será continuado, mas o conteúdo já publicado está em análise para que se decida se ele será retirado do ar ou não.
O projeto teve oito episódios publicados e contou com a participação de nomes relevantes do esporte olímpico brasileiro, como Arthur Nory, da ginástica artística, a dupla Fofão e Serginho, do vôlei, e o nadador Gustavo Borges.
“A saúde mental dos atletas e o futuro depois da aposentadoria eram as principais preocupações dela. Fomos visitar a seleção feminina antes do embarque para o pré-olímpico, e ela, sempre preocupada, disse: ‘Ninguém cuidou da nossa saúde mental quando estávamos lá’. Mas não era um sentimento de abandono, era porque não existia”, reforça.
No próximo domingo (1º), Walewska completaria 44 anos. Nas redes sociais, os pais da ex-jogadora, Geraldo e Aparecida, publicaram uma carta aberta aos fãs e amigos. “Wal foi uma menina que nunca se afastou da sua origem, sempre humilde e cuidadosa com todos. Fica agora a lembrança da profissional competente, amiga fiel e filha muito amada que ela sempre será”, escreveram.
Campeã olímpica de Pequim 2008, Walewska Oliveira morreu após cair do 17º andar de um prédio em Cerqueira César, na zona sul da capital paulista. No boletim de ocorrência, consta que a ex-atleta estava sozinha em uma área comum do condomínio e, antes da tragédia, enviou uma mensagem ao marido, Ricardo Mendes.
Os investigadores ainda apuram as circunstâncias da morte da ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei e não descartam a hipótese de suicídio, segundo o documento expedido pelo 78º Distrito Policial, no bairro dos Jardins, na zona oeste da capital paulista.