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AMIZADES DIGITAIS: CONEXÕES E DESAFIOS NA ERA DA CONECTIVIDADE – Por Paulo Siuves

Na era da conectividade digital, muitas vezes estamos rodeados de ‘amigos virtuais’, mas sentimos a solidão real.

Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 21/10/23

Caros leitores, na crônica anterior, conversamos sobre as amizades digitais e como elas se tornaram uma parte intrínseca de nossas vidas na era da conectividade. Bill Gates, fundador da Microsoft e um dos maiores visionários da tecnologia, previu que “a internet está se transformando na praça central da aldeia Global do amanhã”. Ele reconheceu o potencial da internet para conectar pessoas de diferentes lugares e culturas, criando uma comunidade global. Ele defendeu o uso da tecnologia para promover a educação, a informação e a colaboração.

Hoje, gostaria de abordar um aspecto crucial desse tópico: os desafios e preocupações que surgem nas amizades digitais. Na era da conectividade digital, muitas vezes estamos rodeados de ‘amigos virtuais’, mas sentimos a solidão real. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês e um dos maiores pensadores da modernidade líquida, afirmou que “as redes sociais são uma armadilha”. Ele criticou a forma como as pessoas se relacionam na internet, sem compromisso e sem profundidade. Ele alertou para o risco de que as amizades digitais se tornem substitutos pobres das amizades reais, gerando uma sensação de vazio e isolamento.

Embora a comunicação em amizades digitais possa certamente ser genuína e profunda, muitas pessoas desenvolvem laços emocionais significativos por meio de comunicação online. Quando essas amizades virtuais terminam, é comum que sintam uma dor emocional profunda semelhante ao luto. No entanto, vale ressaltar que, em algumas situações, as amizades digitais podem, por vezes, enfrentar desafios de comunicação devido à falta de nuances da comunicação presencial, como expressões faciais e linguagem corporal.

Enquanto muitas dessas amizades podem ser genuínas e significativas, não podemos ignorar os obstáculos que enfrentamos ao cultivá-las no mundo virtual. Um desses desafios é a solidão, que paradoxalmente pode ocorrer em um mundo hiperconectado. Ao passo que nos envolvemos cada vez mais em nossas amizades digitais, a falta de interações presenciais e o contato humano direto podem levar a sentimentos de isolamento.

Além disso, as amizades digitais podem, por vezes, carecer de comunicação genuína. A rapidez das conversas via mensagens e a falta de expressões faciais e linguagem corporal podem dificultar a compreensão real das emoções e intenções do outro. Isso pode levar a mal-entendidos e, em alguns casos, a uma comunicação superficial.

Outra preocupação é a dependência excessiva da tecnologia. À medida em que nos envolvemos cada vez mais em nossas amizades digitais, podemos encontrar dificuldades em desligar, estabelecer limites saudáveis ou encontrar um equilíbrio entre a vida online e offline. Essa dependência pode ter impactos negativos em nossa saúde mental e bem-estar.

Resumindo, as amizades digitais têm seus pontos fortes, mas também apresentam desafios importantes. Eu acredito que a verdadeira essência da amizade é a capacidade de estar presente, mesmo quando ausente, como Millôr Fernandes, escritor e humorista brasileiro, definiu. Ele destacou a importância da sinceridade, da confiança e da admiração nas relações de amizade. Ele sugeriu que os amigos devem ser capazes de se conhecer profundamente, sem medo de se expor ou de se criticar.

Conforme buscamos conexão e pertencimento, é essencial abordar esses problemas para garantir que nossas relações virtuais sejam verdadeiramente enriquecedoras e autênticas. Afinal, a verdadeira essência da amizade é a capacidade de estar presente – mesmo quando ausente – de sorrir através das palavras, mas também de enfrentar os obstáculos e encontrar maneiras de tornar essas amizades mais genuínas e saudáveis na era digital.

Paulo Siuves

Paulo Siuves nasceu em julho de 1971 na cidade de Contagem, Minas Gerais, e é bacharel em Letras pela UFMG. Além disso, ele é autor de dois livros e organizador de coletâneas. Atua como servidor público municipal e faz parte da Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte. Paulo Siuves é colunista nos jornais; Jornal Clarin Brasil e Cultural Rol. Ele possui um Ph.I. em Filosofia Universal e um Dr.H.C. em literatura. Paulo Siuves é ex-presidente e membro fundador da Academia Mineira de Belas Artes (AMBA) e também é membro da Academia de Letras do Brasil nas seccionais Suíça, Minas Gerais (RMBH) e Campos dos Goytacazes/RJ, além de pertencer a muitas outras academias.

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Clarín Brasil – JCB News, sendo elas de inteira responsabilidade e posicionamento dos autores”

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