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Presídio de Campos Gerais transforma educação e trabalho em ferramenta de ressocialização

Mais da metade dos presos da unidade está inserida em atividades laborais; iniciativas dão aos detentos a possibilidade um novo futuro depois do cumprimento da pena

Após um longo período em regime de reclusão, o retorno à sociedade pode se tornar desafiador para os indivíduos privados de liberdade. Por este motivo, é importante realizar ações que promovam a ressocialização dos detentos por meio do acesso à educação e ao trabalho. O Presídio de Campos Gerais, no Sul de Minas, faz dessa prática uma missão e contabiliza diversas capacitações e parcerias de trabalho.

Neste mês de julho, uma nova parceria firmada pela unidade com a empresa Conspavi, que atua no ramo de construção e pavimentação, permitiu que mais dez presos iniciassem atividades laborais extramuros. O presídio também tem parceria de trabalho externo com a Cooperativa dos Cafeicultores de Campos Gerais e Campo do Meio (Coopercam), além de ofertar trabalhos internos ligados às atividades de manutenção da unidade, nas áreas de limpeza, cozinha e lavanderia. Ao todo, as iniciativas já empregam 95 detentos, o que corresponde à mais da metade dos custodiados da unidade inserida em atividades laborais. 

O presídio também oferece aos detentos, regularmente, cursos profissionalizantes que podem ajudá-los a encontrar um emprego ou mesmo se tornarem empreendedores quando deixarem a prisão. As capacitações permitem que os custodiados interessados se tornem futuros pedreiros, carpinteiros, horticultores e artesãos de artigos indígenas, de fibras naturais rígidas ou de bordado à mão.

Diretor do Presídio de Campos Gerais, Everton Altieres reforça que ações como essas são importantes não apenas para aqueles que estão submetidos à pena restritiva de liberdade, mas também para toda a sociedade. “Proporcionando oportunidades e conhecimento para os que estão reclusos, garantimos mais condições de reinserção social, melhorando a convivência, para que tenham mais chances e aceitação no mercado de trabalho”, destaca.

Acesso à educação

Com o apoio da Escola Municipal João Barbalho e da Escola Estadual Professor Eduardo Daniel Ferreira Dias, foram implementadas, na unidade prisional, turmas de Ensino Fundamental I e II e de Ensino Médio que, também em julho, foram ampliadas e passaram a atender cerca de 45 detentos. São 37 no Ensino Fundamental e oito no Ensino Médio. 

Além do acesso à educação básica, os detentos no Presídio de Campos Gerais também têm a oportunidade de participar do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) e do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e, assim, conseguirem uma vaga no ensino superior.

Márcio Inácio da Silva está em reclusão há cerca de 10 anos e, graças ao acesso à educação oferecido na unidade, está perto de alcançar um antigo sonho: se tornar engenheiro agrônomo. O detento conta que havia estudado apenas até a 5ª série e, durante o período em detenção, teve a oportunidade de realizar a prova do ENCCEJA e conseguir o certificado de conclusão do Ensino Fundamental. Atualmente, ele integra a turma do 1º ano do Ensino Médio e destaca que participar dos projetos de ressocialização tem sido “muito importante para o crescimento pessoal e profissional”.

Transformação

Desde que a unidade deu início às suas atividades, em agosto de 2011, o Núcleo de Trabalho e Ensino tem sido responsável por desenvolver iniciativas que, além de transformar o cotidiano dos detentos, têm lhes permitido ver outras perspectivas para o futuro.

Para a coordenadora desse núcleo, no Presídio de Campos Gerais, Jéssica Lariane Fialho Silva, o processo de ressocialização só é concretizado se o detento tiver um trabalho digno e o mínimo de instrução. “Acredito que a educação é o único caminho para que isso seja alcançado”,  conclui.

Texto: Jaíne Cramer

Crédito das fotos: Divulgação Sejusp

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