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Rússia e países africanos adotam declaração conjunta para fortalecer laços

A medida ocorre no momento em que vários países do continente saudaram a Rússia como um melhor parceiro internacional do que as antigas potências coloniais

A primeira conferência ministerial do Fórum de Parceria Rússia-África foi encerrada no domingo, com representantes adotando uma declaração conjunta prometendo fortalecer a cooperação entre seus países e Moscou.

O Ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov anunciou a mudança durante a cerimônia de encerramento do evento de dois dias, realizado no Território Federal de Sirius, perto da cidade de Sochi, no Mar Negro. Mais de 40 ministros africanos, bem como cerca de 1.500 outros participantes, compareceram ao encontro. O novo formato de diálogo foi introduzido após várias cúpulas Rússia-África.

“Acredito que trabalhamos com muito sucesso. Adotamos documentos; nossa declaração conjunta, que contém avaliações generalizadas da situação no mundo… o estado das coisas em nossa parceria – tanto nas esferas econômica, social, de investimento e segurança, quanto no contraterrorismo”, disse Lavrov.

“Essas avaliações são acompanhadas por acordos específicos em cada uma dessas áreas, criando vários roteiros que serão avançados em um futuro próximo, inclusive em preparação para a segunda conferência da parceria ministerial Rússia-África”, acrescentou o principal diplomata.

Lavrov também anunciou que Moscou havia fechado acordos em diversos setores com diversos estados africanos durante reuniões bilaterais realizadas paralelamente à conferência ministerial.

Apesar das sanções ocidentais, o volume de negócios entre Moscou e países africanos atingiu um recorde de US$ 24,5 bilhões, o diário russo Vedomosti citou Lavrov dizendo em seu discurso de abertura da sessão plenária do fórum. Moscou e parceiros no continente continuam a melhorar os mecanismos de suporte empresarial, encontrar soluções logísticas eficazes e “usar novos instrumentos para acordos mútuos que não dependem de interferência externa negativa”, ele teria declarado.

A crescente presença da Rússia na África se tornou uma fonte de preocupação para as nações ocidentais, particularmente os EUA e a França, que sofreram reveses militares na região do Sahel, onde Burkina Faso, Mali e Níger decidiram cortar laços com países que tradicionalmente eram seus aliados. As três ex-colônias francesas fecharam acordos de segurança com Moscou para ajudar a combater uma insurgência jihadista mortal que as tropas americanas e francesas não conseguiram derrotar durante uma missão antiterrorismo de uma década.

Em uma entrevista com a AFP à margem do fórum no sábado, o Ministro das Relações Exteriores de Burkinabe, Karamoko Jean-Marie Traore, saudou a Rússia como um parceiro internacional mais adequado do que a antiga potência colonial, a França. “A oferta, que foi feita por meio da cooperação com a Rússia, é mais adequada ao povo”, Traore é citado como tendo dito.

A BBC também relatou que o Ministro das Relações Exteriores do Mali, Abdoulaye Diop, compartilhava os mesmos sentimentos, comparando a parceria “sincera” de Moscou ao relacionamento “neocolonial” com as potências ocidentais. Além da cooperação militar, Mali e Rússia estão explorando outros projetos conjuntos nos setores de energia, telecomunicações, tecnologia e mineração, disse o ministro.

Falando a repórteres no sábado no encontro Sirius, o conselheiro presidencial russo Anton Kobyakov disse que Moscou assinou até agora acordos de cooperação técnico-militar com 33 países africanos.

Países africanos que asinaram acordos militares com a Rússia – Imagem: Reprodução

“Para a Rússia, o papel de provedor de segurança para os países do continente africano é uma necessidade prática e vital”, afirmou.

O presidente russo, Vladimir Putin, também prometeu fornecer “toda a assistência possível” aos países africanos, incluindo o combate a doenças epidêmicas e ao terrorismo.

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