Os riscos reais do advento da “Inteligência Artificial” no mercado de trabalho – Por Nilson Apollo

A ascensão da Inteligência Artificial (IA) no mercado de trabalho, de fato, traz riscos significativos, especialmente relacionados à substituição de funções, desigualdades sociais e desafios éticos, dentre outros.

_{Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 18/02/25}

Houve um tempo, em que, em sala de aula, no banco de faculdade (UNI-BH), raciocinando sobre a invasão da tecnologia no campo de atuação do curso em que eu atuava como um dos gestores de uma grande empresa de segurança privada, um de meus professores, diga-se de passagem, um gênio, e autoridade em matéria de segurança da informação, com cujo qual eu protagonizei épicos e acalorados debates, alertava para a obsolescência humana diante das máquinas.

Naquela ocasião, iniciava-se a aplicação e uso da sigla “IA”, mas ainda assim eu já comecei a imaginar o “estrago” que um simples drone causaria quando entrasse em disputa com os seres humanos, desenvolvendo monitoramento em grandes áreas e pontos remotos e inacessíveis, ou seja, calculei que bastariam apenas um agente monitorando e operando os “drones”, em vez de vários seres-humanos motorizados “batendo cabeças” para o cumprimento das rotinas.

Por ser uns dos mais “maduros” em sala de aula, e por estar, de certa forma, com a carreira mais consolidada no mercado de trabalho, preocupado com os neófitos, comecei a aborda-los, e a orientá-los a estudarem tecnologia, tipo, no mínimo para aprenderem a operar “drones”, que, em minha imaginação, futuramente iria substituí-los, e a julgar pelo que vemos hoje, creio não ter errado em minhas observações.

O Futuro chegou

A ascensão da Inteligência Artificial (IA) no mercado de trabalho, de fato, traz riscos significativos, especialmente relacionados à substituição de funções, desigualdades sociais e desafios éticos, dentre outros. Além de facilitar a execução das cansativas e erráticas operações, em muitas das vezes expõe de maneira drástica as incompetências e limitações humanas. Abaixo apresentaremos uma análise detalhada dos principais riscos, com base nas tendências e dados dos últimos anos:

1. Substituição de Empregos em Funções Repetitivas e Cognitivas
A IA está automatizando tarefas operacionais, como os supracitados exemplos dos drones e até mesmo atividades que envolvem análise de dados e comunicação, colocando em risco profissões como:

• Atendimento ao cliente: Chatbots substituem atendentes humanos em call centers .
• Seguranças patrimoniais, porteiros/controladores de acessos.
• Motoristas profissionais
• Serviços administrativos: Softwares de IA assumem tarefas como emissão de notas fiscais e gestão de documentos.
• Tradução e redação: Ferramentas generativas (como ChatGPT) produzem textos e traduções com máxima eficiência.
• Setor financeiro: Algoritmos automatizam análises de crédito e auditorias.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 2–5% dos empregos globais correm risco imediato de substituição, mas o impacto varia conforme o setor. Profissões que exigem interação humana complexa (como psicólogos ou médicos) são as menos vulneráveis, mas, sabemos que já existem as futurísticas cirurgias remotas, relizadas por máquinas em pacientes que possam estar em qualquer localidade no globo terrestre, operadas por cirurgiões de qualquer país ou estados, desde que aja a estrutura tecnológica nescessária, e a anuência das leis locais.

A ampliação das Desigualdades Sociais

Para justificar nossos conselhos e preocupações com a juventude que se iniava no mercado de trabalho, reforçamos que a automação tende a afetar mais trabalhadores de baixa qualificação, enquanto profissionais com habilidades tecnológicas são valorizados, e isso pode aumentar a lacuna entre:

• Qualificação: Empregos em manufatura, transporte e serviços básicos são os mais ameaçados .
• Acesso à educação: Pessoas sem acesso a treinamento em IA enfrentarão cada vez mais, dificuldades para se requalificarem.
• Geografia: Regiões com menor infraestrutura tecnológica podem sofrer desemprego estrutural, restanto a essa categoria, somente o “modus vivendi” rudimentar para a própria subsistência, já que, até mesmo nos grandes rincões agropecárias de altas produções, já se aplicam tambem a necessária atuação da IA, e exigem-se profissionais de alto desempenho para operar, novamente, os drones, sistemas de colheitas e irrigações.

Um estudo do Fórum Econômico Mundial estima que 85 milhões de empregos serão automatizados até 2030, enquanto 97 milhões de novas funções surgirão, exigindo habilidades específicas, algumas que até então nem existem para que possamos planejar, pois, nossa inteligência humana, e capacidade de adaptação, deverão estar atentas para acompanhar e criar essas atividade acessórias, que também, acreditem, terão pouco tempo de vida útil, atingindo a obsolescência quando a IA detecta-la e se auto-desenvolver, para uma vez mais expurgar a mão de obra humana.

Riscos de “Shadow AI” e Segurança de Dados

Muitos funcionários usam ferramentas de IA não autorizadas pelas empresas (“Shadow AI”), expondo dados sensíveis. Exemplos incluem:

• Vazamentos: Em 2023, o ChatGPT teve um vazamento que afetou mais de 6,5 mil contas brasileiras – Quem detectou essa falha, as máquinas ou um humano?
• Conformidade: Empresas ainda enfrentam desafios para alinhar o uso de IA à LGPD ( Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), especialmente em setores como jurídico e saúde.

Pressão por Adaptação Contínua

A IA exige que profissionais, que são humanos, não esqueçamos, se atualizem constantemente para evitar a sua própria obsolescência nos desempenhos de suas atividades. Competências como programação, análise de dados e domínio de ferramentas digitais são essenciais, mas nem todos têm acesso a capacitação. No Brasil, 47% dos profissionais já usam IA diariamente, mas apenas 22% das empresas adotam formalmente essas tecnologias. Observemos que, doravante, as disputas não acontecerão entre membros das equipes, mas sim, diretamente com a IA.

“a IA não substituirá humanos, mas humanos com IA substituirão humanos sem IA”.

Institute Tony Blair

Dilemas Éticos e Vieses Algorítmicos

• Discriminação: Algoritmos de recrutamento podem replicar vieses históricos, favorecendo grupos demográficos específicos .
• Desumanização: A substituição de interações humanas por máquinas pode reduzir a empatia em serviços como saúde e educação, pois, tudo dependerá de índices e gráficos, ninguém mais há de querer saber da “vida ruim” de ninguém. Alcançou metas? Siga em frente! Não alcançou? Demissão!

Estratégias para Mitigar os Riscos

Baseados no que já foi dito sobre a criação de novas atribuições adaptadoras no novo mundo tecnológico, eis aí algumas dicas de práticas para a área jurídicas e os RH’s das empresas:

• Requalificação profissional: Programas governamentais e corporativos para treinar trabalhadores em habilidades digitais .
• Regulamentação: Políticas para garantir transparência no uso de IA e proteger dados .
• Colaboração humano-IA: Integrar a tecnologia como complemento, não substituto, valorizando habilidades criativas e críticas .

Diante disso tudo, chegamos a conclusão de que; a IA redefinirá cada vez mais o mercado de trabalho, mas ainda não eliminará a necessidade e presença dos humanos. O contínuo desafio residiráá em equilibrar automação com inclusão, garantindo que os benefícios sejam distribuídos equitativamente. Como afirma um relatório do Tony Blair Institute, “a IA não substituirá humanos, mas humanos com IA substituirão humanos sem IA”.

Nilson Apollo Belmiro Santos- Colunista – Gestor em Segurança (UNI BH) – Comerciante – Comunicador e estudioso político/social

As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do Jornal Clarín Brasil – JCB News, sendo elas de inteira responsabilidade e posicionamento dos autores” siga-nos: