“Essa minha visita aqui é para estreitar e refazer, com muito mais força, a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, interesses comerciais, interesses científico tecnológicos com a Rússia. Por seu lado, a Rússia deve ter muitos interesses com o Brasil”, destacou Lula.

Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 09/05/25
Com um pé na diplomacia e outro na geopolítica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez acenos ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, puxou o fio da conversa sobre o multilateralismo e ainda aproveitou para mandar um recado atravessado ao presidente americano Donald Trump.
Em reunião no Kremlin, em Moscou (Rússia) nesta sexta-feira (9), Lula colocou Brasil e Rússia como parceiros estratégicos do “Sul Global” e puxou a conversa para temas mais espinhosos, como o papel da Organização das Nações Unidas (ONU) e o respeito à soberania internacional, ou a falta dele, segundo sua leitura do cenário atual.
O presidente também pontuou que “a relação comercial entre os dois países é de US$ 12 bilhões, amplamente favorável à Rússia”, reforçando o objetivo de aprofundar a parceria estratégica entre os dois países.
“Essa minha visita aqui é para estreitar e refazer, com muito mais força, a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, interesses comerciais, interesses científico tecnológicos com a Rússia. Por seu lado, a Rússia deve ter muitos interesses com o Brasil”, destacou Lula.
Além disso, Lula afirmou a Putin o interesse brasileiro na geração de energia produzida a partir de usinas nucleares do país.
“Temos interesse em discutir sobretudo a área energética. Temos muito interesse em estabelecer a relação com a Rússia nas pequenas usinas nucleares”, disse Lula durante a abertura da reunião bilateral com Putin.
Mas foi no momento em que mencionou as medidas de Donald Trump que o tom subiu. Ao criticar as tarifas comerciais unilaterais anunciadas por Trump, Lula foi direto ao expor a contradição entre o discurso liberal e as práticas protecionistas do presidente americano.
“As últimas decisões anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos de taxação de comércio com todos os países do mundo, de forma unilateral, joga por terra a grande ideia do livre comércio, joga por terra a grande ideia do fortalecimento do multilateralismo e joga por terra muitas vezes o respeito à soberania dos países que nós temos que ter”, disparou.
Participaram desta reunião ministros brasileiros como Alexandre Silveira, de Minas e Energia; Luciana Santos, de Ciência e Tecnologia e Mauro Vieira, de Relações Exteriores. Além deles, a conversa da comitiva brasileira com Putin e seus ministros contou com a presença de Celso Amorim, assessor de assuntos internacionais de Lula, e com o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP).
De Moscou, Lula tem agenda em Pequim (China), onde participa do Fórum Celac-China e de uma visita oficial ao país asiático. Antes, ainda terá uma reunião com o presidente da Eslováquia, Robert Fico.
Lula participa de desfile do Dia da Vitória na Rússia
Antes de se reunir com Vladimir Putin para reforçar laços diplomáticos e comerciais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou presença nesta sexta-feira (9) em um dos eventos mais simbólicos da política russa: o desfile militar do Dia da Vitória, realizado na icônica Praça Vermelha, no coração de Moscou.
🇧🇷🇷🇺 | Em encontro com Putin, em Moscou, Lula afirmou que a política unilateral de taxações de Donald Trump "joga por terra a grande ideia do livre comércio, do fortalecimento do multilateralismo e, muitas vezes, o respeito à soberania dos países".pic.twitter.com/RWcaPqKWbJ
— De Olho no Front (@deolhonofront) May 9, 2025
O evento, que celebra os 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, teve todo o peso e pompa que o Kremlin costuma exibir nessas ocasiões: tanques, soldados enfileirados, bandeiras ao vento e discursos com forte tom nacionalista.
O evento também contou com a presença de outros chefes de Estado, como o presidente da China, Xi Jinping, que sentou ao lado de Putin, e o chefe do executivo venezuelano, Nicolás Maduro.
O desfile do Dia da Vitória ocorreu em meio à repercussão do anúncio de um cessar-fogo, declarado pela Rússia, de três dias na guerra com a Ucrânia. Essa trégua foi anunciada com o objetivo de realizar o evento.