O objetivo da intervenção nutricional não é restringir proteínas de forma radical, mas sim organizar os horários e a distribuição desses alimentos ao longo do dia, de forma personalizada

Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 18/05/25
Interação da Alimentação com a Levodopa: o Papel da Nutrição no Cuidado à Pessoa com Parkinson
Por: Iris Cardoso
A Doença de Parkinson é uma condição neurológica crônica que afeta o controle dos movimentos e a qualidade de vida. Um dos pilares do tratamento é o uso da levodopa, medicamento que atua como precursor da dopamina no cérebro, ajudando a reduzir tremores, rigidez e lentidão motora. No entanto, o sucesso do tratamento não depende apenas da dose do remédio, mas também de como e quando ele é administrado em relação à alimentação — e é aí que a Nutrição exerce um papel fundamental.
Por que a alimentação interfere?
A levodopa utiliza os mesmos transportadores intestinais e cerebrais que os aminoácidos — especialmente aqueles presentes nas proteínas da dieta. Isso significa que, quando o paciente consome alimentos ricos em proteínas (como carnes, ovos, leite, queijos) no mesmo horário da medicação, pode haver competição pela absorção, resultando em menor eficácia do medicamento e aumento dos sintomas motores.
Estratégias nutricionais seguras e eficazes
O objetivo da intervenção nutricional não é restringir proteínas de forma radical, mas sim organizar os horários e a distribuição desses alimentos ao longo do dia, de forma personalizada.
• Em alguns casos, pode ser útil adotar uma dieta com baixo teor de proteínas durante o dia, mantendo a maior parte das proteínas para o período da noite. Essa estratégia deve ser avaliada caso a caso, para evitar riscos de desnutrição.
• Pacientes com sinais de fraqueza muscular, perda de peso ou disfagia devem receber atenção especial, com enriquecimento da dieta e, quando necessário, suplementação nutricional.
O papel da equipe de saúde
É essencial que o paciente esteja acompanhado por uma equipe multidisciplinar, incluindo nutricionista, neurologista, fonoaudiólogo e fisioterapeuta. A comunicação entre os profissionais permite ajustar tanto a conduta medicamentosa quanto a alimentar, promovendo melhor controle dos sintomas, mais autonomia e qualidade de vida.
Um cuidado que vai além do prato
Cuidar da alimentação na Doença de Parkinson é mais do que pensar em nutrientes: é compreender o ritmo de vida da pessoa, seus hábitos, crenças e preferências. A nutrição humanizada valoriza esse olhar, acolhe dúvidas e propõe soluções individualizadas, com base científica e respeito à história de cada paciente.

Iris Almeida Cardoso, natural de Campo Belo MG, reside em Belo Horizonte, Brasil. Advogada, nutricionista, escritora, poeta, ativista cultural, colunista do JCB News (Jornal Clarin Brasil). Membro da Academia Mineira de Belas Artes; da Academia Luminescense Francesa; da Academia Núcleo de Letras Y artes de Buenos Aires; membro da Academia de Belas Artes do rio Grande do Sul; Presidente Delegué do Institut Cultive Suisse Brésil, Núcleo Belo Horizonte MG (Sede Genebra Suíça) e membro da Focus Brasil (Sede EUA). Autora do livro Comidas Afetivas & Poesias Combinação Perfeita, e participação em diversas antologias de poesias e histórias infantis. Recebeu o título de Doutora Honoris Causa em Dietoterapia e Nutrição Clínica 2020. Idealizadora do Chá & Poesias com Elas às segundas feiras. Instagram @elucianairis facebook elucianairis youtube elucianairis
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