Por Jornal Clarín Brasil – 10/01/2020 ás 19h40min
Três pastores de uma organização religiosa foram detidos por suspeita de auxílio à imigração ilegal e tráfico de pessoas, estão proibidos de saírem de Portugal e obrigados a se apresentarem semanalmente à justiça daquele país.
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) comunicou nesta sexta-feira que deteve na zona da Grande Lisboa três pastores de uma organização religiosa suspeitos de associação e auxílio à imigração ilegal e tráfico de pessoas.
O SEF adianta que a detenção dos pastores ocorreu na quinta-feira e, além dos três mandados de detenção, foram cumpridos cinco outros mandados de busca domiciliar na zona da Grande Lisboa. O orgão não especificou a qual a denominação religiosa os envolvidos pertencem, indicando apenas que são pastores de uma igreja evangélica, dentre as milhares que pululam o Brasil.
O serviço de segurança afirma que foram identificados nos locais das buscas cerca de trinta cidadãos estrangeiros, provenientes da América do Sul, alojados nos diferentes locais de culto “em condições muito precárias”.
Segundo informações oficiais, esses estrangeiros eram cooptados pela organização religiosa em seus países de origem e encontravam-se na sua maioria em situação irregular em Portugal, trabalhando na infomalidade.
Além das más condições de trabalho, alojamentos precários e insalubridade em que foram encontrados, os estrangeiros, entre os quais crianças, eram obriogados a realizarem pagamentos de quantias de dinheiro para a organização religiosa, desse ditos pastores.
Aliança Evangélica Portuguesa diz que os pastores não fazem parte da associação
Numa nota divulgada na página oficial da Aliança Evangélica Portuguesa, a congregação que representa os evangélicos em Portugal diz repudiar “toda e qualquer prática de auxílio à imigração ilegal e tráfico humano”, apresentando-se “disponível para colaborar com os órgãos de polícia criminal quanto à denúncia de situações similares”.
A associação reconhece a existência deste tipo de crimes em Portugal, nomeadamente junto de cidadãos de nacionalidade brasileira, a quem prestam apoio quando estes “necessitam de cuidado e amparo”. Contudo, acrescenta o comunicado, “esse apoio prestado por vezes pode ser mal interpretado pelas autoridades, como se fosse motivador da imigração ilegal, quando na verdade é apenas o auxílio humano a pessoas em dificuldade.”
A Aliança Evangélica diz “desconhecer por completo” o que se passou com os três pastores detidos esta sexta-feira pelo SEF e acrescenta que “a igreja, da qual os alegados pastores visados alegadamente fazem parte, não é membro da Aliança Evangélica Portuguesa”.
Por isso considera “inadequadas as notícias de manchete evocando a atividade de Pastores Evangélicos, uma vez que essa atividade nada tem a ver com os crimes e por causar um alarme social quanto à prática Evangélica, religião minoritária em Portugal e que em nada favorece ou motiva a prática dos crimes evocados”.
A associação alerta ainda “os meios de comunicação social e os cidadãos em geral para se certificarem que a uma determinada entidade religiosa está inscrita na Aliança Evangélica Portuguesa “como forma de distinguir as igrejas evangélicas reconhecidas das não reconhecidas.”