Cultura/Lazer

Coluna do escritor Ângelo Roberto

Primeiras Leituras

Por Ângelo Roberto

O genial mestre Guimarães Rosa publicou em 1962 o livro “Primeiras Estórias”. O conjunto de contos, predominantemente transcorriam em um ambiente rural, embora não especificada a localização real ou mesmo ficcional. Apesar do autor à essa época já gozar de elevado reconhecimento e conceito junto ao público leitor e à crítica, estas “Primeiras Estórias” como alude o título, poderiam muito bem terem sido as primeiras a serem gestadas ou recuperadas pelo autor.
Motiva a observação precedente tão somente a coincidência ordinal que compõe o título tanto da consagrada obra, quanto desta simplória exposição “Primeiras Leituras”. Consistindo este em mero relado de leituras iniciais a que tive interesse e acesso, consequentemente, fixaram-se e impregnaram-se às minhas lembranças.
Em um período em que livros em casa jamais se constituir-se-ia como um “artigo de primeira necessidade”, nem mesmo “segunda”, “terceira” ou qualquer colocação prestigiosa. Em que não era de forma alguma facilitado o acesso à bibliotecas, livros recebidos por presente, ou mesmo emprestados… Isto, ressalvadas as naturais particularidades de contexto sócio econômico-cultural de nosso país continente Brasil.
Assim, pelo que me recordo mesmo de leituras de livros literários propriamente ditos, listarei a seguir em breve relato, dentre os quais acredito que alguns tenham integrado a experiência de muitos de vocês leitores que me prestigiam com vossa atenção.

  • O Rouxinol do Imperador – de Hans Christian Andersen.
  • Dona Baratinha – uma das histórias conhecidas como “Da Carochinha”, fora editada em um livro composto por “Ana Maria Machado”.
  • Uma festa no céu – fábula reputada a Luís da Câmara Cascudo.
  • O menino do dedo verde – Maurice Druon.
  • Marcos que a vida marca – Agostinho de Araújo Gomes.
  • Olhai os lírios do campo – Érico Veríssimo.
  • Escaravelho do Diabo – Lúcia Machado de Almeida.
  • O mistério do Cinco Estrelas – Marcos Rey.
  • A ilha perdida – Maria José Dupré.
  • Zezinho, o dono da porquinha preta – Jair Vitória.
  • Meninos sem pátria – Luiz Puntel.

Paralelas ou sucessivamente à essas leituras, irremediavelmente outras ocorreram como a de livretos de faroeste, revistas Conan, revistas em quadrinho de incontáveis títulos e sequências e desenvolvido o hábito, incessante prática do benfazejo exercício.

Como se vê, muitas outras as sucederam. De variados gêneros, temáticas e complexidades. Durante a escolarização, à época em Primeiro Grau e Segundo Grau, tivemos a prescrição e cumpríamos a leituras de clássicos da Literatura Brasileira. Ilustram essa fase: Grande Sertão Veredas, Dom Casmurro, Iracema, Vidas Secas, Fogo Morto, Triste Fim de Policarpo Quaresma, dentre outros.

Ao prestar exame vestibular, dada à seleção de obras de referência em 2001 para a UFMG fui instado a ler, estudar para a primeira e segunda fases as destacadas: Amanuense Belmiro, Encarnação, Um copo de cólera, Poema Sujo e Sentimento do Mundo.

Espero em próximas oportunidades falar mais sobre essas e outras leituras, sobretudo as afetas às populares Histórias em Quadrinhos (HQ) que sem sombra de dúvidas foi a porta de entrada para o universo da leitura a milhares (quicá a milhões) de leitores pretéritos e contemporâneos.

E você, caro leitor, quais leituras o inspirou e marcou? Quais autores ou personagens com que se identificou ao longo de sua vivência e desenvolvimento?

Angelo Roberto

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Ângelo Roberto é Bacharel em Língua Portuguesa pela UFMG. Escritor, poeta e acadêmico em Academias de Letras, regionais, nacionais e internacionais. Desde 2009 preside a Academia Matozinhense de Letras, Ciências e Artes (AMALETRAS).

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2 Replies to “Coluna do escritor Ângelo Roberto

  1. Parabéns ao Escritor Ângelo Roberto pela estréia da coluna no Jornal Clarin Brasil,Parabéns também pela bela escrita ao admirado escritor Guimarães Rosa.

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