“Quando você vê as pessoas entrando em padaria, supermercado, fazendo fila, piquenique isso é claramente uma coisa equivocada”
Por Jornal Clarín Brasil/JCB – Brasília em 13/04/2020 às 00h12min
Luiz Henrique Mandetta, atual ministro da saúde da saúde do governo Bolsonaro, pediu para que os cidadão brasileiros mantenham o isolamento social como estratégia de contenção do avanço do novo coronavírus e defendeu uma “fúnica fala” por parte do alto escalão do governo para não confundir a população. “Brasileiro não sabe se ouve o presidente ou o ministro”, disse Mandetta em entrevista exclusiva para o Fantástico, da Rede Globo na noite de domingo (12).
Mandetta advertiu que os meses de maio e junho serão os “mais duros” no combate ao novo coronavírus no país. Afirmação que contraria a posição de Jair Bolsonaro, que insistindo em agir por “instinto”, afirmou neste domingo, em videoconferência com lideres religiosos, que a “questão do vírus está começando a ir embora”, fazendo entender, sem nenhum dado científico ou estatístico, que esteja acontecendo uma suposta diminuição do contágio no Brasil.
Mandetta alfineta o presidente no fantástico? Demissão imediata. https://t.co/aGW8b0588l
— Gi' conserva (@gillmota1) April 13, 2020
Mandetta, com sua característica tranquilidade, além tecnicidade, disse; “Eu espero que essa validação dos diferentes modelos de enfrentamento dessa situação possa ser comum e que a gente possa ter uma fala única. Isso leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro da Saúde, o presidente”.
Quando perguntado pelo repórter se as ameaças de demissão, e ataques diretos e explícitos do presidente lhe preocupavam, Mandetta respondeu; “Isso preocupa, porque a população olha e fala assim ‘Será que o ministro da Saúde é contra o presidente’? Quem a gente tem de ter foco, esse aqui que é o nosso problema é o coronavírus. Ele é o principal inimigo. Se eu estou ministro da Saúde, por obra de nomeação do presidente. O presidente olha pro lado da economia. O Ministério da Saúde entende a economia, mas chama pelo lado de proteção à vida”.
O ministro criticou também o comportamento de pessoas que têm furado o isolamento social. “Quando você vê as pessoas entrando em padaria, supermercado, fazendo fila, piquenique isso é claramente uma coisa equivocada”, avaliou o ministro. “Tem muita gente que gosta da internet. Que vê que é fake news dizendo que é invenção de países para ganhar vantagem econômica ou vê complô mundial.”
Bolsonaro tem saído às ruas todo dia não só para afrontar o isolamento social, mas para tentar esconder seu fracasso.
— Erika Kokay (@erikakokay) April 10, 2020
Enquanto a crise se aprofunda a cada hora q passa, ele segue no seu mundinho paralelo, indo à padaria comer sonho, já que a realidade virou um pesadelo pra ele! pic.twitter.com/hbWm0Y65JY
A última fala do ministro veio de encontro as atitudes do próprio presidente da república, Jair Bolsonaro, que descumpriu à risca toda orientação médica, e do próprio ministro da saúde, indo de encontro ao público e provocando aglomerações pelos comércios de Brasília, inclusive em padarias.