A jornalista Sandra Bandeira apresenta essa empresa, que é sinônimo de qualidade e tradição no mercado de armas mundial, e que vendeu armas até para o exército de Napoleão Bonaparte
Por Sandra Bandeira – Jornal Clarín Brasil Bréscia Itália, em 21/11/2020 às 02hs36mins
A fabrica mais antiga e de maior prestigio do mundo, que possui uma história de quase 500 anos! Estamos falando da consagrada fábrica italiana Beretta. Mas se formos contar a posição de primeiro fabricante de canos, a Beretta já atuava no século XV e comercializava com Veneza.
A história desse ícone da indústria de defesa, teve início em 1526, quando o mestre armeiro Bartolomeo Beretta da cidade de Gardone Val Trompia foi pago pelo Arsenal de Veneza para que produzisse 185 barris de arcabuz. A empresa inclusive chegou a fornecer armas ao exército de Napoleão durante sua invasão à Itália em 1797.
Ao longo dos anos a Beretta se transformou de um fabrica familiar a um modelo de fábrica capitalista, no sentido moderno do termo, sob a direção de Giuseppe Antonio Beretta. Em seguida, se modificaram os métodos de produção, foram inseridos na fábrica todas as fases de produção, sendo ocupada por um considerável número de operários. Os lucros foram aplicados em investimentos para renovação das maquinas e melhoria da qualidade dos manufaturados.
No período relacionado a fotografia (ano 1885), cerca de 200 operários produziram anualmente aproximadamente uma media de 7.000 a 8000 fuzis de caça. Além de pistolas e canos para armas de caça que a eram finalizados e imediatamente distribuídos aos armeiros externos, totalizando um capital de giro de 350.000 liras. A dimensão da fábrica também aumentou em 1880 em uma extensa superfície de 1000 m². A crise dos século XVIII, provocou uma grande queda a nível ocupacional e produtivo que esfacelou os setores e gerou uma onda de desemprego, mas não representou um risco para sólida fábrica gardonese.
Superadas as dificuldades , Giuseppe Antonio veio a falecer, deixando o comando da empresa ao seu filho Pietro em 1903, naquele momento a empresa estava financeiramente estável, produtiva e possuía uma linha de produção extremamente diversificada. Sob a administração de Pietro Beretta, a fábrica de arma alcançou um notável desenvolvimento, principalmente com lançamento da pistola semi-automática M1915, que se tornou um grande sucesso, equipando as forças armadas italianas. Sendo assim o estabelecimento passou dos 1000 m² em 1903 para 35.650 m² em 1957.
No dia 1 de maio de 1957 a Beretta perde seu genial administrador, Pietro Beretta, mas seguindo a tradição familiar da Beretta, os irmãos Giuseppe e Carlo Beretta assumiram a gestão da histórica fábrica de armas italiana, dando continuidade ao projeto de fortalecimento e empreendedorismo, os irmãos Beretta investiram em novos mercados, tornando a fábrica uma multinacional, firmando uma posição no mercado exterior, em particular nos EUA no setor de defesa, obtendo importantes contratos para fornecer a pistola padrão das forças armadas norte-americanas.
Hoje a Beretta continua sob comando da família Beretta, ocupando a presidência Ugo Gussalli Beretta, tomando parte na gestão seus filhos Pietro e Franco Beretta, entre outros nomes que participam do conselho administrativo. A Beretta continua consolidada, com o grande patrimônio familiar deixado pelos antecessores da família, garantido pela elevada e especifica tecnologia na mecânica de precisão. A fabrica de Armas Beretta é atualmente detentora de mais de 180 patentes/licenças, com um total de mais de 400 projetos e patentes registrados ao longo da historia.
Toda a parte de pesquisa, desenvolvimento, métodos de processamento, tecnologias de produção e controle de qualidade, são gerenciados internamente pela empresa e estão na vanguarda, não apenas no que diz respeito ao setor de armas, mas também no que se refere ao panorama industrial mundial. A Beretta mantém parcerias com universidades, empresas internacionais nos setores aeroespacial, automotivo, naval, têxtil e de nanotecnologia.
A fábrica hoje se mantém localizada numa ampla área verde, na cidade histórica de Gardone Val Trompia, onde é possível visitar a fascinante Vila Beretta e o Museu das Armas.
Sandra Bandeira Nolli – Jornalista, pedagoga, mediadora cultural, colunista no jornal italiano “Val Trompia di Brescia” assessora de imprensa, colaboradora e correspondente do GBN Defense News na Itália, onde desenvolve um trabalho cultural de grande relevância no Projeto Conexão Itália-Brasil.