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Por um novo ano – Angeli Rose

E digo logo: se você não tem uma amiga dessas, faça o favor de colocar em sua lista de metas para 2021 arranjar uma. Não haverá arrependimento.

Por Angeli Rose – Academia mineira de Belas Artes/Jornal Clarín Brasil JCB News – Belo Horizonte em 27/12/2020 às 07hs53mins

Por um novo ano

Uma amiga me telefonou por esses dias, coisa rara em tempos de whatsapp e instantâneos, para contar-me sobre sua indignação diante de alguns comentários que lera em um dos seus grupos: “- Veja só,           querem comparar os médicos aos presos, argumentando que se aqueles podem se expor ao vírus(o Corona),porque este não podem ficando em suas celas e cumprindo suas penas? Acho um despropósito…”

Ouvi atentamente sua falação indignada e um pouco agressiva com os que assim retrucavam as preocupações humanistas da amiga. Ela estava muito abalada e daí seguia com outras analogias que ouvira de autoridades – não no assunto – mas impostas pela força da designação governamental. Paciente, procurei contemporizar observando que àquela hora, principalmente depois do Natal, tal assunto não seria a melhor maneira de passar esses dias de mais esperançosos e até certo ponto mais sensíveis.

Ela ficou decepcionada comigo, pois esperava mais de mim que ficara sozinha a noite de véspera de Natal por conta da COVID-19, já que não fora liberada pela médica nem fizera o exame necessário em tempo de poder compartilhar a ceia com os poucos da família. Minha amiga disse-me que achava que a doença tinha me atingido em meu raciocínio, talvez, afetando minha capacidade de avaliação e consequente discernimento. Tive de engolir estas observações para não perder a amiga. Apenas estava cansada. O cansaço que a doença traz e o cansaço dessa vida sem sentido, insensível, meio “zumbilândia” que vivemos no automático. Vida meio cinzenta que nos leva a seguir o calendário expropriador de nossas sensibilidades e desejos do coração. Um calendário que diz “então é Natal!”, e imediatamente vamos às compras, vamos às receitas de quitutes que recheiem a mesa banqueteando a alegria e as angústias de um ano absurdo e fora de todo futuro planejado. Um ano de incertezas, de descartes, de reaproveitamentos, inclusive, de amizades que não nos servem mais. Cancelamento.

Passei o telefonema. “Deletei”, como precisamos dizer com mais força hoje em dia, de minha memória as palavras da amiga Z. E fui mais adiante até o contato de outra amiga, a D. Depois de nossos cumprimentos carinhosos sobre os votos de Natal e prospecções para o próxima ano, esposamos o tempo que escolhemos estar juntas em torno do encontro que não nos foi dado para estarmos juntas presencialmente. Sei que talvez o leitor, ou a leitor pensem em como minhas amigas ocupam um espaço tão significativo em minha vida a ponto serem objeto de reflexões registradas semanalmente. Mas já o disse aqui mais de uma vez que é com elas que aprendo e através delas, enriqueço a pobreza das experiências cotidianas que compõem minha existência. Uma escritora também vive por tabela e morre por terceiros. Um que morre hoje, outra que decide desistir minutos depois e outra ainda que viaja sem se despedir porque não adianta mais nada. Tais terceirizações de ausências me “deletam” e cancelam das histórias que poderiam ser vividas entre nós e construídas com afetos desejados. Homo deletun

Decidimos, eu e D., brincar com a ideia das listas bem afeitas ao final de ano para pensar o Ano Novo (com maiúscula!). Fizemos listas de listas em primeiro lugar; desejos; amores; roupas; comidas; restaurantes; livros; filmes; conselhos; boas risadas;  assuntos; meias; batons; perfumes; flores; canções; shows; políticos; cartas; artigos; metas; resoluções; promessas; personagens; presentes; lugares para ir; abraços; amigos; campanhas; fatos; acessórios; aplicativos; crimes contra mulheres (essa é completada dia a dia, infelizmente);  eletrônicos (incluindo o vibrador, claro!); obras de arte; memórias; poemas; sites; blogs; revistas; mentiras;  mortos; vivos, digo personalidades; os mais inadequados; os indesejáveis numa “ilha deserta”; os crushs de 2020; lives; gafes; escândalos; bebidas; ideias;  dos quase. Vixe! Muitas listas que fizeram de nosso tempo um jogo engraçado com pitadas de angústia e dor. A hierarquização da vida em forma de listas parece um recurso indispensável para compreender o caminho percorrido ao longo de um ano tão sem vida e sentidos como foi e está findando o ano de 2020, ao mesmo tempo em que se tornou o ano mais significativo de nossas vidas. Arquivei o diálogo quase infinito com minha amiga D.

Mas ontem, ontinha ainda, recebi o insistente contato de J. Ah! Essa foi de todas a que mais me deu trabalho, porque eu não sabia se deletava, cancelava ou arquivava. O poder de J. até hoje para me incomodar, porque com ela não há criptografias, metáforas ou metonímias, para comentar a vida. É também por isso que ela tem um memorial em minha memória. J. é daquelas que simplesmente chega, acontece, causa e sai de cena para deixar você sozinha com as provocações dela. É também aquela que nos grupos de “sapp” em que somos participantes, suas postagens são ignoradas, dificilmente recebem comentários e todos procuram postar um monte de abobrinhas em seguida para que suas palavras fiquem perdidas no espaço e no tempo. Mas em segredo tenho certeza de que todos a leem, voltam a ela e guardam no recôndito incômodo de saber que existe gente como J. que não convive, incomoda. O melhor de tudo é que sei que ela não se desgosta por agir e ser assim. Parece que é algo mais forte dentro da humanidade de J., virginiana, sabidamente implicante. Eu queria ser como J. quando crescesse ou saísse de meu complexo de “Peter Pan” ,sem me lembrar da questão de gênero. Por que será que só aos homens foi sempre cobrado crescer e às mulheres não, nos contos fabulosos e de fadas? Quem não tem uma amiga assim? E digo logo: se você não tem uma amiga dessas, faça o favor de colocar em sua lista de metas para 2021 arranjar uma. Não haverá arrependimento. É questão de qualidade de vida e de mudança de consciência. Vai por mim.

Então, ela iniciou o diálogo profundo sem meu consentimento, o que, aliás, é bem próprio dela. Para que pedir? Para que perguntar se você está a fim ou não de falar e pensar sobre “coisas”, sobre ideias que vão te importunar a curto, médio e longo prazos? Protocolo desnecessário já que ela intuía quando a procurada diria que não estava ou não atenderia ao telefone, ou à chamada, caso se anunciasse. O que é desejar um “ano novo”? O que é repetir incontinentemente que queremos um “ano novo”? Se sabemos que não haverá “ano novo”. O calendário é o mesmo, podendo ser bissexto ou não; seguia J. em argumentação dura e clara, sem concessões ao bom humor, qualquer um diria. Mas para mim era de um inequívoco bom humor ouvir as ideias de J. Essa exposição ao ridículo do cotidiano a que me submetia era exatamente o que revigorava minha meditação sobre o que pensar, desejar, fazer e buscar no próximo ano. Daí, partia para algo mais preciso e contundente: os problemas sociais continuarão os mesmos porque as questões não serão atacadas estruturalmente; algumas serão amenizadas, outras serão agudizadas. Eu me limitava a “ã.”; “sim”; “hum, hum…”; vez por outro arriscava lembrar um caso mais definitivo sobre o assunto que estivesse em pauta, ao que ela rapidamente tecia um comentário complementar com algum aspecto que não percebera em minhas reflexões e leituras. J. podia ser meu alterego se a psicanálise estivesse tão em moda como fora nos anos 70 do século passado.

E me abandonei à memória de nossa conversa horas depois e cá estou : O esperado “ano novo” não será novo para a maioria dos brasileiros, e arrisco dizer que para a maioria dos habitantes da Terra. A falta de água potável, os crimes violentos contra mulheres, a falta de soluções para as cidades inchadas e acinzentadas com concretos; as calçadas tomadas pelos “informais” (“isso me lembra d’Os intocáveis”); as noites que servem de cama para a mendicância; as operações às cinco da manhã no Brasil vão acordar gente que tira o sono da população; a carestia vai continuar nos mercados ,de comida e de arte; o vizinho vai continuar batendo panela às 20:30 quando aquele indesejável senhor abrir a boca; alguns sites vão continuar contando a vida das famosidades e das celebridades: o decote da filha da grande X; o casamento que acabou da neta de-; os convidados da festa de “arromba” ,não do Rei(RC) , de um jogador multimilionário pousando no meio de umas 20 modelos contratadas para servirem à vitrine da festa; o funk da hora que o Alok traduziu em seu equipamento e tornou-se o motor de mais um convite à batida animada de suas lives de bom moço; enfim, a Educação continuará a ser objeto de discussão entre leigos e pretensos especialistas que falam como se entendessem do assunto; a Economia continuará na contramão da divisão de bens de forma mais justa socialmente; os meios de comunicação em escala digital serão democratizados aparentemente ,porque todos estarão fazendo mais lives, oferecendo cursos, ensinando algo, vendendo algum produto, ou expondo suas experiências emocionais. Tudo isso dará a ilusão ainda em 2021, pós-pandemia, de que o mundo parece estar mudando para melhor a ponto de todos agora terem o direito de-. “Homo novus”, criadora de categorias absolutamente inesperadas.

É o “ano novo” que chega e traz uma enxurrada de notícias até ontem impossíveis e que hoje ultrapassam os limites de nossas sensibilidades. Mas continuaremos otimistas e ,preferencialmente, longe de J. ainda que os quiosques não façam os jantares à beira-mar; ou o leito tão esperado não tenha sido liberado, mas no ‘ano novo” será( você só esqueceu de perguntar qual “ano novo”); ou mesmo que o cara insista em passar a mão no seu peito no corredor do metrô, de maneira que fique absolutamente inadequado dar-lhe um tapa na cara ou fazer um barraco e chamar a guarda local. Você vai assistir aos países que estão vacinando a população local desejando que no próximo ano o seu país seja o próximo, a despeito das idiotices – eu diria crime de responsabilidade humanitária – que as autoridades estejam proferindo ,manchando com vômitos a tela de sua TV.

É o “novo ano” que se aproxima trazendo o “novo” pelo “novo”, porque é isso que dá esperança e faz a gente pensar que vai valer a pena continuar. Então, você vai comprar um modelito novo para usar dia 31, ou apenas um batom novo, ou chinelo novo, para ter a sensação, quem sabe a experiência, de que a ideia de renovação salvará a todos e a todas do medo de que continuaremos num mundo injusto, pouco sensível à fome, ao preconceito e à desigualdade.

O ”Ano Novo” nesse momento não tem a menor importância. Ele é clichê. Ele é discursivo e necessário. Ele é usado como mentira que repetida muitas vezes pode passar a ser verdade. Feliz Ano Novo!(com maiúsculas para distinguir o ano vindouro de todos os outros vividos e ainda por virem). Se você usou vermelho na passagem para esse ano, é melhor escolher cor mais amena, porque, talvez, tenha sido a cor que trouxe o vírus letal para muitos. Se você usou branco e perdeu amigas para a COVID-19, talvez, opte pelo verde ou o vermelho, para aguardar o “novo ano” sem lembrar a saudade das que se foram e o ano morno, quase frio, possa ser despedido, demitido(se você tivesse esse poder de mando!). é uma sensação de que é mais um fim de ano repetitivo, com o diferencial de que não teremos os fogos ,os abraços intensos, os flertes inesperados.

Nada de “novo no front”. É a palavra de ordem, disse-me J. Não!(sem gritar, mas dentro de mim a cajuína era a resistência se destinava a acreditar na vida!). A vacina chegou trazendo novas chances para nós que sobrevivemos ao vírus, assintomáticos ou não. Mas o que J. deixou plantado em mim foi a dúvida sobre a pouca e curta memória dos humanos, mesmo que os HDs em próteses arquivem inúmeros artigos, dizeres e imagens. J. alertou-me para o fato de que a vacinação mundial pode render um Nobel a algum grupo de cientistas, pode salvar vidas, porém, pode também provocar o apagamento de todas as mazelas que ficaram evidenciadas nessa grande e aguda crise sanitária que levou à humanitária. Empaquei. Compartilho com você essa preocupação de J. em meio ao dourado imposto a esse ano bronze, duro e difícil de 2020.

O leitor, a leitora e afins devem conhecer O Peru de Natal, de Mario de Andrade, conto que foi publicado em coletâneas e  no Jornal da tarde, em 1949 [https://contobrasileiro.com.br/o-peru-de-natal-conto-de-mario-de-andrade/ ] . Saio um pouco d J. e vôo em direção ao Mario, porque me recordo que durante toda a minha vida escolar esse conto ,como costumam fazer em relação ao peru da ceia que é perseguido até o abate nos quintais roceiros espalhados pela ruralidade tão importante em nosso país. O conto se inicia assim : “O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, de uma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desmancha-prazeres.

Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, tela, 1922, Palácio Bandeirantes

Quem nunca observou um parente nas festas de família que não fosse como o pai do narrador? Um “desmancha-prazeres”. Eu fico imaginando que o leitor e a leitora de pronto lembraram-se da minha amiga J. como uma…(Desde já agradeço a consideração de usar parte de suas memórias para lembrar de uma amiga dessa amiga que vos dirige a voz rouca e cansada.). É assim que podemos fazer “novos” amigos na vida. A novidade chega por amigos dos amigos. Pois foi que ao recordar o conto de Mário de Andrade percebi o quanto daquele “peru”, ou melhor, daquele enredo estava entranhado em mim. Entranhado?  Quando li pela primeira vez em María Zambrano (filósofa espanhola de Málaga) que o método para escrever advinha de retirar das entranhas as palavras, isso não é literal, comecei a realizar o quanto essa cultura literária está entranhada em nós, a cultura escolar também. E não me canso de dizer que a escola é um importante vetor de formação para além da mera formalidade do currículo, mas porque essa memória social ,compartilhada forma e forma-se de maneira que mais tarde muitas de nossas reflexões nada originais tornam-se autorais porque são recriações do que experimentamos ,tanto no pensamento como na vida palpável.

Em ano de pandemia que está indo embora, o ano, não a indesejável das doenças, muitas famílias estiveram de luto na ceia reduzida de Natal e mais ainda na de “Ano Novo”. E ao mesmo tempo em que o conto de Mário lá dos idos dos anos 40 do século XX pareça-nos tão atual e familiar, ao mesmo tempo é uma história inusitada de Felicidade (como quis o narrador-personagem no conto com maiúscula). Segue a historinha com a ideia de que o “peru” seria o astro da desejada ceia natalidade e familiar, apesar da ausência importa do pai daquela família tipicamente patriarcal. Talvez, nesse ponto haja diferenças sociológicas decisivas para algumas leitoras, não?

Depois de expressar o desejo sobre comer o peru, ficamos sabendo a certa altura da leitura: “Houve um desses espantos que ninguém não imagina. Logo minha tia solteirona e santa, que morava conosco, advertiu que não podíamos convidar ninguém por causa do luto”. Não estamos muito diferentes em relação aos encontros do ano de 2020, pois estamos sendo alertados e exigidos a não fazer festas que gerem aglomerações. No caso de minha família, que para o almoço de natal juntamos fácil 50 pessoas, teve ano que foi mais, mas o desastre também foi maior nas relações familiares. Então, qualquer semelhança é pura coincidência, porque nosso motivo de hoje pode conter uma perda ou mais, no entanto, o isolamento intrafamiliar é motivado pela pandemia, como sabemos.

Entretanto, a genialidade do modernista Mário de Andrade, que não era irmão do Oswald, nos convoca a pensar sobre o que é a ausência, a felicidade com a ausência, entre outras percepções, quando narra a ceia: “Minha mãe, minha tia, nós, todos alagados de felicidade. Ia escrever «felicidade gustativa», mas não era só isso não. Era uma felicidade maiúscula, um amor de todos, um esquecimento de outros parentescos distraidores do grande amor familiar. E foi, sei que foi aquele primeiro peru comido no recesso da família, o início de um amor novo, reacomodado, mais completo, mais rico e inventivo, mais complacente e cuidadoso de si. Nasceu de então uma felicidade familiar pra nós que, não sou exclusivista, alguns a terão assim grande, porém mais intensa que a nossa me é impossível conceber”.

Aqui, sem dar spoiler, convido você, leitor, leitora, para dar continuidade à leitura do conto, entre outros textos da nossa literatura e que são tão definitivos para meditar sobre o cotidiano “novo” que se deseja para o próximo ano. Mas não vou encerrar assim abruptamente e abandonar minha leitora, talvez única, depois de dar uma de J. e inculcar contrargumentos para que a nomenclatura oficial de “ano novo” seja combatida. Longe de mim, eu disparar um motim linguístico do tipo “abaixo o ano novo!”. A única ingenuidade que me permito é chamar a atenção de você que chegou até aqui comigo para o aspecto inaugural que o conto andradiano manifesta ao contar sobre a primeira ceia de Natal depois de uma perda familiar significativa. A redescoberta da “felicidade” por aquelas pessoinhas da família “burguesa” apresentada pelo autor, uma redescoberta advinda de um fato comezinho, porém, hospedeiro de toda complexidade da vida, parecendo mágico momento, quando foi só uma questão de prestar atenção ao Outro.

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Cara leitora, caro leitor e afins, vou desejar-lhes um novo olhar sobre o ano que se avizinha. Desejo que consigam ter um novo olhar sobre todos e todas que os cercam, que as cercam, e que essa forma metonímica a que me dirijo a sua sensibilidade, trace o traço fundamental para que não só a sua família, mas a população planetária descubra novas, aí sim, diferentes maneiras de conviver, depois de vacinados. Modos de vida, modos de saúde, modos de compartilhamentos que estejam contaminados cotidianamente em ritmo exponencial. Contaminados por solidariedade, compreensão, tolerância e amor fraternal. Desejo que o “ano novo” seja também um ano de grandes contaminações em via acelerada. E que a memória das ausências assombre os excludentes, enquanto acarinha aqueles que procuram impedir novas perdas por fome, doenças ou violências de toda ordem.

Agora, desculpe, mas estou em cima da hora de comprar o peru pra ceia do “ano novo”,  que minha médica me liberou para estar com minha família , depois da COVID-19 e de um Natal em isolamento como o que passei pela primeira vez.  Vou ainda cozinhar o peru, atendendo às queridas amigas que me telefonam, inclusive a J., que eu diria que são as autoras implícitas de mais essa crônica. E pra não perder o costume: vão os votos de que algo dentro de cada um, uma, inspire realizações capazes transcender a celebração pela chegada da vacina no mundo machucado e ferido pelo Corona vírus, partindo para a construção e reorganização da vida com menos consumismo, mais compreensão, menos discursos vazios e excludentes, mais arte, mais leituras, menos fofocas, menos vaidades, mais atenção ao sofrimento do Outro. E que nessa conta de menos e mais o resultado seja chegar ao final do próximo ano com uma grande lista do que realizou, principalmente, junto e em prol de seus semelhantes.

Angeli Rose é colunista semanal no Jornal Clarín Brasil – JCB, a convite do amigo e presidente da AMBA, Paulo Siuves; pós-doutoranda em Letras na centenária UFRJ em pesquisa sobre o Rio de Janeiro dos anos 20, além de ser idealizadora e coordenadora do Coletivo Mulheres Artistas. Carioca, geminiana, terapeuta holística e educadora para a Paz (UNIPAZ-RJ), entre outros títulos honoríficos que vem recebendo em reconhecimento ao seu ativismo cultural. Doutora em Letras e Ph.D. em Educação (UFRJ),Dra.h.c. Multi em Literatura, Educação(Instituto de Altos Estudos Sarmathianos) e Belas Artes(CONCLAB). É autora de Biografia não autorizada de uma mulher pancada, entre outros. http://lattes.cnpq.br/4872899612204008 https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=217908

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