Será a primeira missão do novo programa lunar da Rússia, que busca fortalecer sua cooperação espacial com a China.
Jornal Clarín Brasil JCB News – Brasil 08/08/23
A Rússia lançará sua primeira missão robótica à Lua desde 1976 na sexta-feira, anunciou a agência espacial Roscosmos na segunda-feira.
A decolagem do módulo Luna-25 ocorrerá “no dia 11 de agosto às 02:10:57, horário de Moscou” (23:10:57 GMT de quinta-feira), disse a Roscosmos em comunicado, quando potências mundiais como Estados Unidos e A China intensifica suas missões em direção ao satélite natural da Terra.
A Roscosmos também indicou que uma Soyuz [foguete] foi “montada” na base espacial de Vostochni, no extremo leste do país, para a decolagem da Luna-25, que deve descer próximo ao pólo sul da Lua, um “terreno difícil ».
O voo está programado para durar entre “quatro dias e meio e cinco dias e meio”, segundo dados publicados pela Roscosmos e citados pela agência de notícias oficial TASS.
Uma vez na Lua, o módulo, cuja massa é de 800 quilos, deve “colher amostras e analisar o solo, além de realizar pesquisas científicas de longo prazo”, disse a agência espacial em seu comunicado.
Será a primeira missão do novo programa lunar da Rússia, que busca fortalecer sua cooperação espacial com a China em meio às tensões com as potências espaciais ocidentais sobre a ofensiva russa na Ucrânia.
A última missão lunar da União Soviética foi a da sonda espacial Luna-24 em 1976.
Mas desde a queda da URSS, Moscou enfrentou uma série de dificuldades para inovar no setor, em que surgiram novas iniciativas privadas, como a Space X do bilionário Elon Musk.
As autoridades da região de Khabarovsk (extremo leste) já anunciaram a evacuação de uma cidade desde a manhã de sexta-feira, por estar localizada em um local onde o primeiro andar do lançador pode cair.
“É de grande importância, não apenas para Putin, mas para os tempos pós-Putin, uma Rússia pacífica”, disse Vitali Egorov, especialista russo em espaço.
“Este lançamento mostrará que os russos podem se engajar na exploração espacial”, acrescentou.
Passado glorioso
Após o início da operação militar na Ucrânia, a Agência Espacial Europeia (ESA) declarou que não iria mais cooperar com a Rússia para a decolagem da Luna-25, nem para futuras missões.
A Rússia declarou que continuaria seus projetos lunares e substituiria os equipamentos da ESA por equipamentos científicos de fabricação nacional, pois ainda é considerada uma grande potência espacial considerando seu passado soviético.
Em abril de 2022, em uma viagem ao cosmódromo de Vostotchny, Vladimir Putin lembrou que a URSS conseguiu em 1961 enviar o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin, apesar das sanções “totais” que tomaram contra ele.
Putin garantiu que a Rússia continuaria a implementar seu programa lunar, apesar das represálias ocidentais pelo conflito na Ucrânia.
“Somos guiados por nossos ancestrais para seguir em frente, apesar das dificuldades e tentativas de nos impedir”, disse Putin aos funcionários do complexo na época.
Em junho, o chefe da Roscosmos, Yuri Borisov, descreveu a missão lunar russa como “arriscada”.
“No mundo, a possibilidade de sucesso desse tipo de missão é estimada em 70%”, destacou.
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