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ESTRÉIA!! Izabelle Valladares e as “Histórias Para Curiosos”

Izabelle Valladares e as Histórias Para Curiosos

Autora: Izabelle Valladares

Hummm o café… Esse pretinho gostoso e sua história! O café tem marcas profundas na História do nosso país, aliás, foi ele que colocou o Brasil na História. Lord Byron, um dos mais célebres poetas britânicos, deixou-nos a frase “Café dá espírito aqueles que não o tem” e eu apaixonada em um cafezinho como a maioria dos brasileiros, concordo. O Brasil teve seu ápice econômico pós- período colonial com o café. Antes ele já havia dado um upgrade em Portugal com o açúcar, que na época era uma raridade e os europeus o tratavam de ouro branco. Para ter uma noção em 1480, 15 quilos de açúcar trazidos da Ásia, valiam 18 gramas de ouro ou R$ 3.000 reais se fosse a valores atualizados.

Foi com a produção do açúcar brasileiro que o Ingrediente tão popular ficou acessível ao mundo inteiro. O tabaco também só existia no Brasil e no Caribe, por ter sido levado por índios brasileiros. Os índios andavam muito naquela época e faziam trocas entre as tribos, leiam no Post da História do Nascimento de São Paulo sobre as rotas pré-históricas e vão encontrar uma que saía no Peru e provavelmente era ligada ao Caribe. A partir de 1538 que o português Luís Góes estabelecido em Santos levou as primeiras mudas para Lisboa, plantando no Jardin Du Plant, onde ele foi roubado pelo Embaixador Francês Jean Nicot (De onde vem o nome Nicotina) e presenteou a Rainha Catarina de Médice, que ficou apaixonada no Fumo que a acalmava e ela chamava de Erva Santa (mas, não era maconha), viciou-se e o Tabaco se espalhou pela Europa e pelo Mundo. Tornando-se chiquérrimo. Então já vemos no período colonial, duas importantes contribuições do Brasil para a economia mundial: O Tabaco e o açúcar, mas, nenhuma das duas se compara ao nosso pretinho básico… O café.


O Café surgiu no Brasil em 1727 por caminhos estranhos, da mesma maneira que o Nicot roubou o Tabaco de Lisboa, o Tenente Francisco Melo Palheta (olha o nome do café aí), estava nas Guianas Francesas, quando conseguiu malandramente surrupiar algumas mudas do plantio do Governador de Caiena (capital), diz-se a boca pequena que ele ficou muito “chegado” a mulher do Governador, que proibia terminantemente que mexessem em sua plantação. Apesar de terem chegado ali, roubadas também do Suriname, na Guiana Holandesa, onde a Cia Holandesa das Índias ocidentais, a primeira multinacional holandesa amplamente ligada ao nordeste brasileiro pós Mauricio de Nassau, tinha introduzido esse cultivo por considerarem o clima favorável para tal produção. Desde então, já que ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão, o Tenente trouxe o Grão amargo e milagrosamente energético para o Brasil, pressupondo que inserindo tal ingrediente na alimentação dos Escravos os fariam trabalhar dobrado e a extração de Cana e Pau-Brasil aumentaria, não prevendo que estava trazendo o produto que levaria a maior progressão econômica da nossa história.


O café é milenar, ele surgiu nas altas planícies da Etiópia, e reza a lenda que foi descoberto por um pastor que percebeu que as cabras ficavam agitadas e ligadonas comendo daquela Erva. Depois se espalhou pelo Iêmen sendo sempre mais adaptável ao clima quente. Assim o mundo árabe popularizou o Grão, inclusive a palavra é árabe, vem de Quavah que quer dizer vinho. Mas, as primeiras cafeterias do planeta, surgiram em Constantinopla (Hoje Istambul) em 1470, pouco antes de o Brasil ser redescoberto (porque os índios que aqui viviam, o descobriram primeiro quando cruzaram o estreito de Bering na Pré-história, mas isso é outro papo, depois a gente fala disso). Em Constantinopla concentrava-se grande parte do comércio europeu, com a ligação com Veneza, então nesse período da Queda de Constantinopla, o café começou a circular na Europa, só que havia pouco café, não tinha como ser uma bebida cotidiana. Até que ele pá… Chegou a Belém do Pará, e alguns anos depois de ter sido roubado, em 1760 chegou ao então desembargador chamado Castelo Branco, que trouxe a muda para o Rio de Janeiro e esta se espalhou enormemente pelo Vale do Paraíba do Sul e por conta disso, se hoje em dia você passar pelo Vale, não verá nada ali de mata, floresta, etc… Pois tudo foi devastado, destruído, colocado a chão para dar espaço para o plantio de café.


Quando vira o século XVIII com a Revolução Industrial, o mundo percebe a importância de ficar ligado na vida e a cafeína é viciante. Começou a ser consumido pela alta classe e principalmente pelos intelectuais e ativistas políticos europeus. (Voltaire tomava cerca de 50 cafezinhos por diaaaa) O café devasta o vale do Paraíba, mas coloca o Brasil no mapa mundial como maior produtor. Todo o período do Segundo Reinado foi regido economicamente pelo café.


O Brasil foi o país que manteve a escravidão por mais tempo e o último a aboli-la. Um dos motivos com certeza de ter sido o maior importador de escravos foi devido ao uso da mão de obra para a extração do café. Entre 1830 e 1880, cada escravo era responsável por cuidar de 14 mil pés de café. (Eu disse Cada escravo) Quando se inicia a campanha abolicionista, os grandes Barões do café, exigiam ressarcimento do governo pelos escravos e também um subsídio para trazer mão de obra da Europa para trabalhar na Lavoura, assim vieram os navios lotados de Italianos para a Região de São Paulo, onde a Terra roxa era muito propícia ao plantio e o café já tinha dizimado a natureza no Vale do Paraíba DO Sul, pois o café é uma planta que acaba mesmo com a Terra e reina soberano.

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O maior problema da plantação do café é a situação do solo após o fim da vida útil do cafezal. Uma vez finda essa vida útil, o solo fica muito pobre, e inútil para a replantagem. Desse modo, os cafeicultores eram obrigados a abandonar terras, para encontrar novas para sua plantação. Desse modo, em alguns anos os cafeicultores passaram a migrar para o oeste da província de São Paulo. Em poucos anos, o oeste paulistano vivia em função do café, e o governo imperial também, graças à alta taxa que era cobrada sobre o café. Desse modo, chegam os Italianos e cada família de Italianos era responsável em cuidar de 10 mil pés de café, sacaram a comparação? Cada escravo para 14 mil pés e cada família italiana para 10 mil pés, Capitche? Mas, os imigrantes não ficariam recebendo ordens em troca de comida por muito tempo e não tinham o vigor físico do Negro, logo se rebelaram contra os Barões, pois Italianos tem o sangue “quente” mesmo e não pagariam de escravidão na vida e começaram a ir embora e criarem aqueles bairros fantásticos de São Paulo, como a Moca, Bixiga, Brás e outros ali do centro paulista.


Mas não me alongando, veio à República estimulada pelos cafeicultores, que idealizaram junto aos milicos, o Golpe Militar em 1889, quando o Rio Grande do Sul e a Paraíba se uniram para criarem a República do Café com Leite, marcada por um obelisco no Centro do RJ, este derrubado heroicamente por Getúlio Vargas, que amarrou seu cavalo e gritou: pra cima de mim não violão (brincadeira), mas, amarrou mesmo seu cavalo e derrubou a República do Café com Leite. O Brasil continuou dependente do café, mesmo com o processo de industrialização, ficando com essa base econômica até 1950. Agora sabemos por que o pessoal da Região Sudeste sempre foi ligadaço, revolucionário, passista, boêmio e das outras regiões, nem tanto. O Pessoal do Mate e da água de coco sempre em outra Vibe. Bom, agora que contei a história do café, vou fazer o meu, pois já são 7h da manhã do dia 25 de março, o Brasil neste momento está amando e odiando o Presidente ao mesmo tempo e o Vírus do Corona parece estar sob controle e eu vou tomar um pretinho porque sou chegada em preto (vide meu marido). BOM DIA!

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Izabelle Valladares é escritora desde que aprendeu a escrever. Nascida em Niterói em 1976, tem mais de 20 livros publicados e participa de centenas de antologias.” (Disponível em http://www.izabellevalladares.com.br)

Em 2010 ela criou a LITERARTE-Associação Internacional de escritores e artistas, uma entidade que tem em torno de 19 subsedes ao redor do mundo, em cada lugar que ela aporta, também desembarcam livros e mais livros, de diversos autores ligados à LITERARTE ou à uma das suas subsedes, livros que abastecerão bibliotecas públicas e escolares, que serão distribuídos às crianças e adolescentes que, muitas vezes, terão o primeiro contato com um livro infantil físico, naquele momento. Ao todo, são mais de vinte mil livros distribuídos em escolas brasileiras.

Revisão de texto: Juliana Nicácio – Academia Mineira de Belas Artes

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